G1 - 07/07/2014 10h01
Em 5 itens, estrangeiros avaliam a passagem pelo RS durante a Copa. G1 ouviu mexicanos, um alemão, um inglês e um argentino durante a Copa. Porto Alegre sediou cinco partidas, de nove seleções de cinco continentes.
Fernanda Canofre, Guilherme Pontes e Rafaella Fraga Do G1 RS
Holandeses e australianos confraternizam após jogo em Porto Alegre (Foto: Guilherme Pontes/G1)
Os cinco jogos de Copa do Mundo em Porto Alegre modificaram a rotina da cidade, com turistas trazendo um pouco de sua cultura ao estado. Mas o que eles acharam de nós? Durante a permanência dos estrangeiros na capital, uma das primeiras impressões ruins foi a mobilidade urbana na cidade. No entanto, houve quem aprovou o sistema de transporte da capital gaúcha. A melhor impressão é quase unânimidade: a cordialidade dos brasileiros.
Para a maioria dos europeus, a cidade lembrou muito sua terra natal. Na opinião dos latinos, há miséria e desigualdade social pelas ruas. Apesar disso, perceberam várias semelhanças.
A violência, na opinião dos turistas ouvidos pelo G1, parece maior nas páginas de jornal que nas ruas da cidade. A maioria afirmou se sentir segura e não ter passado por nenhum problema. Apesar do pouco tempo no país, todos notaram os brasileiros "amigáveis" e dispostos a ajudar.
Na última semana do Mundial na capital gaúcha, o G1 ouviu alguns gringos que passaram pela cidade. O Beira-Rio sediou cinco partidas, de nove seleções de cinco continentes, e viu a rede balançar 22 vezes: uma média de 4,4 gols por partida.
Abaixo, confira as opiniões dos estrangeiros sobre Porto Alegre
Alemão Jean-Christoph Ritter vive em Berlim
(Foto: Fernanda Canofre/G1)
Jean-Christoph Ritter, da Alemanha
A Copa dele: O músico de 39 anos veio de Berlim com mais quatro amigos. Eles assistem juntos a todos os Mundiais desde 2006, quando estavam em casa. Para o Brasil, decidiram embarcar em cima da hora, duas semanas antes do início do evento e vão a todas as partidas da Alemanha nos estádios. "Já conhecia o Brasil, mas só o Rio de Janeiro. A Copa parece uma excelente oportunidade de conhecer outras regiões e a diversidade do país", diz.
Primeira impressão: O estilo “europeu” de Porto Alegre. "Quando pisei em Porto Alegre senti que estava de volta a Berlim", brinca. "Em todas as placas de lojas, há nomes alemães, por todas as partes. Além disso, faz frio como na Europa".
Melhor do Brasil: Os brasileiros. "As pessoas são muito otimistas, muito positivas em relação à vida. Na Alemanha não é assim. Somos mais fechados, mais pesados. Acho que o clima influencia muito, tenho essa teoria", avalia.
Pior do Brasil: Burocracia e lentidão. “Precisa de papéis e autorizações para tudo. Isso se parece com a Alemanha também", aponta. O alemão conta ainda que achou algumas coisas muito lentas, por exemplo, esperar meia hora em uma fila de supermercado com apenas cinco clientes. Porém, não achou isso exatamente tão ruim. "Não existe no meu país, mas eu gosto. Dá outro ritmo a vida", compara.
Diferença entre os dois países: No Sul do Brasil, o alemão se sentiu em casa, em razão da numerosa colônia alemã presente no Rio Grande do Sul. Mas depois de andar por algumas partes do país atrás da seleção de Thomas Müller, eis que surgiram as diversidades.
Os alemães, que tiveram as fronteiras de seu país redefinidas diversas vezes nos últimos séculos, observam algo diferente no Brasil. "O país é enorme. Não sei como conseguem manter tudo unido, pessoas, culturas. É tudo muito diverso e ainda assim faz parte da mesma nação".
Argentino Fernando Martin Contino é de Quilmes,
em Buenos Aires (Foto: Guilherme Pontes/G1)
Fernando Martin Contino, da Argentina
A Copa dele: O estudante de 27 anos é natural da cidade de Quilmes, na província de Buenos Aires. No Brasil na companhia de outros dois amigos, viu o jogo entre Argentina e Nigéria no estádio Beira-Rio, em Porto Alegre. Após a exibição com show de Messi no gramado, acredita no título argentino.
Primeira impressão: Boa receptividade. “As pessoas são muito simpáticas, tratam os visitantes muito bem e estão sempre dispostas a ajudar”, diz ele.
Melhor do Brasil: As brasileiras.“As mulheres são a melhor coisa. São lindas, tem uma beleza diferente das nossas mulheres, são divertidas e provocantes”, elogia.
Pior do Brasil: Trânsito e mobilidade urbana. “É bastante complicado para chegar aos lugares, muitos carros e a sinalização também poderia ser melhor”, exemplifica. “Sobre segurança, não tivemos problemas, mas ouvimos falar que em alguns lugares seria perigoso andar sozinho”, comenta.
Diferença entre os países: “A música, o jeito de dançar, o som. Isto é bem diferente em minha terra”, lista. “Mas as músicas brasileiras são divertidas. A comida é mais pesada do que a nossa, mas é muito, muito boa também”, destaca.
Inglês Martin Burgess passou a Copa do Mundo
em Porto Alegre (Foto: Rafaella Fraga/G1)
Martin Burgess, da Inglaterra
A Copa dele: O inglês de 46 anos acompanha pela primeira vez de perto a realização de uma Copa do Mundo. Escolheu Porto Alegre para passar duas semanas durante as férias, em pleno Mundial, mesmo a capital gaúcha não sediando nenhum jogo da Inglaterra. “A Copa não é só futebol” explica ele. Apesar disso, diz ter assumido o Grêmio como time brasileiro. No Beira-Rio, assistiu a dois jogos: Austrália x Holanda e Argentina x Nigéria.
Primeira impressão: O estilo “europeu” de Porto Alegre. “Parece um pouco com Portugal. E o clima é muito inglês”, ri, ao referir-se à chuva e ao dia nublado. "É uma cidade moderna. Há um bom sistema de transporte. O que me deixou até um pouco surpreso. Não sabia muito sobre aqui. Infelizmente, o que muita gente de fora sabe o Brasil é sobre favela e futebol”.
Melhor do Brasil: As pessoas. “São pessoas muito amigáveis e prestativas. Aqui conheci pessoas, fiz amigos. As pessoas são diferentes. Nada parece um grande problema para os brasileiros”.
Pior do Brasil: Miséria. “O mesmo problema do meu país. Pessoas sem casa, vivendo nas ruas”, descreve. “Mas me senti muito seguro em Porto Alegre. De verdade. Sei que ocorrem coisas, é claro que sim. Mas perto de mim, por onde andei, não vi nada”, garante.
Diferença entre os países: Alimentação. “Em Londres as pessoas bebem muito. Aqui se come muito. As porções de comida nos bares são imensas. E por um bom preço”, aponta o inglês.
Mexicano Francisco Padilla vive sua terceira Copa
do Mundo (Foto: Fernanda Canofre/G1)
Francisco Padilla, do México
A Copa dele: De Guadalajara, o contador de 45 anos acompanhou as partidas do México durante a primeira fase, junto a outros cinco amigos. Essa é a terceira Copa do Mundo do grupo. Quatro amigos voltaram para o México e dois seguiram para conhecer um pouco mais sobre o Brasil.
Primeira impressão: Populoso e clima de insegurança. “Comparado aos Mundiais realizados na Alemanha (2006) e África do Sul (2010), o Brasil é muito desorganizado. No Nordeste, senti insegurança”, aponta. Já Porto Alegre o agradou mais. "Gostei muito da cidade, apesar de achar o centro um pouco sujo. Mas aqui se pode caminhar à noite, não ha tanta gente quanto São Paulo”, compara.
Melhor do Brasil: Os brasileiros. "As pessoas, definitivamente. A gente daqui é incrível. Mesmo com a pobreza e os problemas, todos se entregam aos visitantes", afirma.
O pior do Brasil: Estradas. "Alugamos um carro para viajar pelo nordeste e o pior foram as estradas. As rodovias são muito ruins".
Diferença entre os países: "Esperava um Brasil melhor, mas encontrei um país até mais pobre que o México".
Mexicano Danilo Paredes viaja pelo Brasil sozinho
durante o Mundial (Foto: Fernanda Canofre/G1)
Danilo Paredes, do México
A Copa dele: O empresário de 33 anos está viajando sozinho desde o início da Copa do Mundo por várias cidades do Brasil. "Eu quis vir pelo povo e pela cultura, que se parecem muito conosco", diz. Passou por Porto Alegre para assistir ao confronto entre Alemanha e Argélia, pelas oitavas de final da competição.
Primeira impressão: "Quando cheguei, passando pelo cais, Porto Alegre me pareceu um pouco antiga. Mas caminhando pelo centro vi que tem uma arquitetura muito bonita".
Melhor do Brasil: Os brasileiros. "As pessoas são muito amáveis. Quando você pede informações, te ajudam e são de uma dedicação que nunca vi igual”, aponta o mexicano.
Pior do Brasil: Desigualdade social. "É muito marcante. Não esperava que fosse tanto assim".
Diferença entre os países: "Somos muito parecidos, mas para mim a diferença foi com a parte de segurança. Aqui me parece muito mais seguro que no México".
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